Dia 24 de junho:- Aniversário de Mirandópolis
O Desfile
Seis horas da manhã, a cidade é acordada com explosões
parecidas a tiros de morteiro. Em algum lugar alguém executa o toque da
Alvorada. O som vem serpenteando pelas ruas, penetrando nas casas,
sussurrando em nossos ouvidos que é hora de levantar. O sol,
timidamente, surge no horizonte, anunciando um novo dia, o dia do
aniversário da cidade Labor, aniversário de Mirandópolis.
Já se vê pelas ruas, estudantes, com seus uniformes passados e
engomados, dirigindo-se para seus estabelecimentos de ensino, de onde
sairão para o desfile ansiosamente aguardado. No CENE Dª Noêmia Dias
Perotti, os inspetores de alunos, seu Jorge Cury e dona Terezinha,
auxiliados pelos serventes dona Severina e seu Silvio Marchi, tentam
botar ordem e organizar os pelotões de alunos e alunas. As meninas
primeiro, depois os meninos, por ordem de altura. Os professores de
Educação Física dão sua contribuição, passando as listas de presença. O
pessoal da fanfarra, com seu uniforme de gala, afina seus instrumentos:
são caixas, tambores zabumbas e cornetas.
Numa destas
comemorações o professor Kazuo ficou responsável pela fanfarra. Aos
alunos que participassem dela ele prometeu dar nota dez e dispensar da
prova bimestral. Eu, surdo-mudo em música, pendurado em matemática,
precisando tanto daquele deizinho candidatei-me. Deram-me os pratos e
instruíram-me: após o repicar das caixas...tatarata, você bate os
pratos...blein, tatarata...blein, tatarata...braunnnn, fui dispensado no
segundo ensaio.
Todas as escolas e demais participantes
do desfile se reuniam no pátio da igreja. Não havia palanque e as
autoridades do município faziam seus discursos da escadaria da igreja e,
em seguida, o padre Epifânio rezava a missa. Era demorado,
cansativo...nos escorávamos numa perna, depois na
outra...agachávamos...éramos repreendidos pelos inspetores de aluno.
Finalmente iniciava-se o desfile. A Escola do Comércio e o
Ginásio revezavam-se na abertura do desfile e no encerramento. As vezes
o encerramento era feito pelo Tiro de Guerra de alguma cidade vizinha,
Andradina ou Valparaiso. As balizas iam á frente das escolas, fazendo
seus malabarismos. Os porta-bandeiras levavam as bandeiras do Brasil,
de São Paulo e do Municipio. À frente da fanfarra da Escola do Comércio
tremulava o estandarte azul e branco com as palavras GLERCA, do
Ginásio, vinha o estandarte vermelho e preto escrito Grêmio XV de
Novembro e trazendo ainda a figura estilizada de um galo idealizada pelo
professor Valter Sperandio.
O Grupo Escolar Professor
“Hélio Faria” se fazia presente, tendo como destaque sua pequena
fanfarra comandada pelos professores Paulo Turri, Gamaliel e José
Caleme. O Grupo Escolar “Dr. Edgar R da Costa” tinha os escoteiros
orientados pelo seu Luiz, o Luiz do Grupo, o Luiz Peru, disciplina
militar....direiiiiita, voooolver, esqueeeerda,
vooooolver....ordináaaario, marche. Foi uma pessoa incompreendida, fez
amigos e inimigos devido ao seu gênio belicoso, era prestativo com os
amigos e parentes, tendo freqüentado apenas o primeiro ano primário,
consertava ferros elétricos, chuveiros, enceradeiras e liquidificadores.
Fazia instalações elétricas e hidráulicas. Era apenas Porteiro do Dr.
Edgar, mas vestia a “camisa da escola”. Era meu tio e eu o amava como
minhas filhas também o amavam.
As escolas apresentavam
carros alegóricos homenageando figuras históricas, a seleção brasileira
de futebol e o fundador da cidade, senhor Manoel Alves de Athaide.
Associações como o Rotary, Lions e outros clubes de serviços e
entidades prestavam suas homenagens. A colônia japonesa sempre
apresentava algum carro destacando a agricultura da cidade. Um carro
muito elogiado era aquele que trazia a rainha da cidade e suas
princesas. Todos os anos era eleita a rainha e as princesas e tínhamos o
baile de coroação da rainha no CAM. Lembro-me apenas das rainhas Célia
Zuin e Sonia Zacarin. A população de Mirandópolis, quase que na sua
totalidade, saia à rua para assistir ao desfile.
Quando
achávamos que o desfile tinha terminado, com os participantes se
dispersando no final da Avenida Rafael Pereira....eis que surge um
tumulto, a multidão acompanhando um carro retardatário!!!!!!!É o
Fernando Miron, dirigindo uma caminhonete de carroceria de madeira,
preta, da funerária, tendo, no alto de uma escada, usada pelos juízes de
vôlei,....o Galego, vestido de mulher, com a faixa de Miss Ribeirão
Claro.
À tarde haveria show de paraquedistas e futebol.
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